Royal Eagle - Revell (ex-Matchbox) He-170 em 1/72
  Started: January / 2006
Finished: May / 2008
 

Este projeto começou entre uma seção de pintura e outra de um outro kit (o F4D da Tamiya em 1/72). É o velho Heinkel He-70 da Revell (ex-Matchbox) em 1/72. Molde antigo, e o kit precisa de muitos melhoramentos... Tive algumas crises de AMS, mas está sendo divertido. Na sua versão com motor em linha, o He-70 deixa poucas dúvidas de onde vem o seu irmão maior He-111. Mas na versão com motor radial, o He-170 (ou He-70K, como seria mais correto), as linhas originais são um pouco perdidas. Não sei bem a razão, mas optei pelo segundo, utilizado pela Real Força Aérea Húngara durante a II Guerra.



Como o kit é bem básico, não dá pra fugir de acrescentar alguns detalhes, principalmente nas versões militares
, onde a carlinga traseira fica aberta (também tem a versão civil ilustrada na caixa, muito bonita). A primeira coisa que notei foi a forma tosca como o capô do motor do He-170 é moldada: quase sem detalhes e com os flaps de resfriamento errados. Resolvi fazer um nariz novo, conformado a vácuo sobre um molde de madeira previamente torneado. Depois, o anel do nariz recebeu alguns detalhes estruturais. Os demais paineis foram rebitados e eu adicionei linhas de painel em baixo relevo:





O motor WM-14K era derivado (cópia sob licença) do Gnôme-Rhone francês de 14 cilindros. A peça que vem no kit é bem ruinzinha para uma área tão visível. Como o Japão produziu o WM-14K sob licença (Homare-25) para o Ki-43, utilizei esse motor do velho kit da Revell - ô saudades.... Só dei uma incrementada nas hastes das válvulas. A seguir eu cortei a parede corta fogo do kit e refiz uma nova, incluindo os escapamentos e os detalhes da parte traseira do motor, que serão visíveis com os flaps de resfriamento abertos:



Os suportes do motor foram feitos com arames de latão. O coletor de descarga é arame de clipe de papel... quero só ver para pintar isso depois.



E aqui um test-fit pra ver como as coisas se encaixam:




A seguir o interior da fuselagem foi melhorado, com a adição dos itens mais visíveis nas poucas fotos que eu consegui. Abri mão de um pouquinho de "guizmologia", como diria o F. Verlinden. Diversos detalhes não estão presentes na foto abaixo porque serão adicionados depois da pintura, já que eles serão visíveis pelas janelas. A propósito, as janelas do kit não são grande coisa. Aumentei suas aberturas em cerca de 1mm ao redor de todo o perímetro e substituí as transparências por placas de acrílico. Colei com CA e dei polimento. Depois passei três camadas generosas de Future. Como o mascaramento das janelas será menor que a área do acrílico, não haverá problemas com as emendas, já que a janela fica perfeitamente alinhada com a superfície da fuselagem.

Nota: depois de pintado, notei que o acrílico usado continha algumas trincas que aparecem sob certos ângulos - isso é típico de sucata de acrílico que foi muito manuseado/flexionado. Paciência... vai ficar assim, mesmo.




Enquanto a cola secava ataquei o porão das rodas, que no kit é completamente vazio, como era de se esperar em um modelo tão antigo. As fotos do avião real indicam que o porão não era totalmente fechado (como no Spitfire, por exemplo), mas apenas no lado interno. No restante, sobravam diversas cavernas por onde era possível ver o interior da asa. Usei basicamente pedaços de plástico e algumas seções de tubo. As fotos abaixo indicam como ficou, mas seriam inclídos detalhes menores (tubulações, cabos elétricos etc.).





A superfície das asas recebeu alguns melhoramentos. O principal foi refazer as linhas de painel em baixo relevo. Como de costume, as linhas de painel sobre o bordo de ataque não foram feitas... prefiro fazê-las depois de colar as metades das asas, para garantir que as linhas superior e inferior coincidam. Não se esqueçam dos dois segredos para fazer boas linhas de painel: (a) parar quando vc acha que ainda precisa de mais um passe; (b) suavizá-las com cola líquida no final (depois de lixadas e limpas). Também adicionei alguns painéis de acesso e as orelhas dos flabs e ailerons, que são visíveis nas fotos do avião.



Durante um exame em fotos da época (parece que nenhum He-70 sobreviveu até os dias de hoje), descobri que os trens de pouso dessa aeronave recolhiam com auxílio de cabos de aço conectados ao cubo da roda (similar ao Polikarpov I-16). Então existe uma roldaninha que não aparece aí nas fotos porque só vou colá-la depois de pintado o porão:



Quanto ao trem propriamente dito, as peças do kit são inúteis de ruins (somem a isso a idade dos moldes). Usinei as pernas em latão, e um pedaço de sprue enrolado para simular as coifas da suspensão. As rodas e as portas são do kit, mas reduzi a espessura das portas para ficar mais realista, e adicionei os reforços e detalhes do lado interno. Mas tarde adicionarei os parafusos e rebites das calotas das rodas :



Voltando ao cockpit, fiz novos assentos usando o velho método da camisinha de poliestireno. Não ficaram perfeitas, mas bem melhores que as do kit - acho que é isso que importa:



O maior problema é a parte traseira do cockpit, onde ficava o radio operador/metralhador, onde eram bem visíveis pelo menos três rádios ou sei lá o que. Reproduzi esses componentes baseado nas duas únicas fotos que consegui. Fiz o molde em silicone e tirei cópias porque senão o Nei vai me encher o saco depois... No fim, só usei o painel de controle e o manete do manche que vêm no kit (não vem muito mais do que isso, mesmo).



E na fuselagem, finalizei com os reforços estruturais faltantes e os suportes para algumas peças. Estava pensando em adicionar uns fiozinhos prá lá e pra cá, como nas fotos da época, mas ainda não sei.



Ainda no cockpit, cortei o chão da parte frontal (onde ficava o piloto e o navegador/bombardeador, necessariamente nessa ordem) e adicionei suportes para os novos assentos, alguns detalhes e pedais fotocorroídos antigos da Eduard:



E aqui estavaá toda a família reunida naquele domingo frio (tirando a dúvida dos fiozinhos e a metralhadora, acho que era isso):



Finalmente, pude testar o encaixe das fuselagens (devia ter feito isso antes):



Tenho tentado abandonar gradualmente meu purismo para me divertir mais com esse nosso hobby. Se algo não sai bem como eu gostaria, bem... talvez na próxima. Agora vai assim, mesmo. Em outras épocas a peça iria para a soda, e faria tudo de novo três ou quatro vezes. Vamos ver quanto tempo isso dura...

Hora de primer e RLM02... Aqui estão alguns detalhes do interior, já pintados (ainda falta colocar os vidros nos instrumentos):



A MG-15 não ficou legal. Resolvo isso depois:



E aqui está o cockpit, já quase pronto. Os cintos são da Fine Molds - excelentes, mas ainda era preciso dar um toque de verniz fosco pra diminuir o brilho das fivelas. Os instrumentos do painel frontal são decais do kit:



A fuselagem foi pintada, envernizada, draibruxada e fosqueada em duas horas. Ainda é a única exceção em que eu coloco acrílicos à frente dos esmaltes e lacas:



E os porões das rodas foram provisoriamente aerografados antes de colar as metades das asas. Faltam alguns detalhes, e o aerógrafo não conseguiria atingir certas áreas. Depois de coladas é só retocar...



Os estabilizadores também foram um pouco retrabalhados. Ainda faltava fazer o rescribing. Os atuadores dos trim tabs seriam instalados por último, antes da camuflagem:



E aqui está a bequilha. Usei a polaina do kit, mas removi roda e cavei uma abertura para instalar uma roda melhor. Aliás, essa roda é provavelmente um dos itens mais antigos da minha caixa de sobras. É de um Ju-87 Stuka da Revell que eu montei lá por 1980. Ô nostalgia...



Hora de fechar a fuselagem. Já foi dado um passe inicial com massa nas juntas e descobri um furo nos detalhes (adivinhem...):



Dei uma verificada no suporte da MG-15, só pra conferir. As juntas indicadas são um problemão. Já estava aquecendo o braço e separando as lixas:



O maior problema até então tinha sido a eliminação da junta mencionada. A solução não era simples porque a curvatura da tampa do cockpit (A, na figura abaixo) não batia com a curvatura da fuselagem - ficava um degrau bem visível. Pra piorar as coisas, a corcova (B) impedia que a lixa passasse livremente pela área central. Na próxima encarnação, vou remover a corcova e instalá-la no final... facilitaria muito as coisas:



Antes de começar o rescribing da fuselagem, tive que corrigir a junta do nariz com a dita cuja. O problema aqui é que o molde já está ruinzinho, e o encaixe do nariz (A, na figura abaixo) com a fuselagem (B) é bem frouxo. Além disso, as arestas das fuselagens nessa área eram irregulares e não acabavam em um canto vivo. Como resultado, sobrava uma baita linha de painel, de profundidade e formato variável ao longo de todo o perímetro. Eu poderia colar as duas partes, passar massa, lixar e reescrever as linhas (como normalmente se faria), mas os rebites e linhas de painel do nariz não suportariam uma outra seção de lixa. Então usei uma técnica sobre a qual já conversei com alguns de vocês antes. Eu deveria chamá-la "Como corrigir uma junta sem eliminar a linha de painel" ou "Como fabricar encaixes" ou ainda "Como eliminar uma junta sem eliminá-la!". Vamos a ela. Primeiro, você cobre todas as superfícies da peça boa (nariz) que entrarão em contato com a peça ruim (fuselagem) usando Bare Metal Foil:



É importante que a peça boa tenha a região de contato bem feita. Qualquer imperfeição ali vai ser reproduzida depois. Bem, capriche na aplicação do BMF para evitar rugas na área de contato. Agora, cole as duas peças com pequenas gotas de CA, cuidando com o alinhamento (como se fosse definitivo). A seguir, passe uma generosa camada de CA ao longo de toda a junta - o CA deve efetivamente inundar a junta. Para acelerar o processo e facilitar na hora da lixa, usei goop depois do CA puro:



Espere secar ou use um acelerador. Agora, como a cola do BMF é fraquinha, você pode remover o nariz com facilidade, já que o CA não entrou em contato com nenhum plástico do nariz:



Para minha surpresa, por alguma razão o CA não adere direito ao BMF (seria esta a vantagem de dedos engordurados?). Se aderisse também não seria problema, já que a espessura do BMF o faria invisível depois. A junta que resulta deve ser uma cópia "fêmea" perfeita da aresta do nariz:





Então era hora de lixar. O importante neste caso é dar passes com a lixa paralela aos lados da fuselagem. O objetivo é remover o excesso de goop apenas na espessura (perpendicular à fuselagem):



Quando você chegar no plástico, é hora de parar. Sinal que você nivelou o goop com a forma original da fuselagem. Se tudo correu bem, o goop vai preencher apenas os espaços que diferiam, na fuselagem, da área correspondente do nariz:



O resultado dessa técnica é uma junta quase perfeita. Eu digo quase porque a linha de painel ainda vai estar lá, visível (é possível destacá-la ainda mais com uma leve escovada nos cantos), muito mais sutil e retinha (desde que o nariz tenha sido nivelado também, né ô bocoió?). A foto abaixo obviamente não permite ver muita coisa, mas no meu caso o nariz literalmente encaixava com um clique.



Até então só tinha usado isso em raiz de asa, mas é possível aplicar o método para "fabricar" encaixes. Acho que aprovou. Alguns modelistas sugerem usar essa técnica com vaselina no lugar do BMF. Não façam isso! Mesmo que vc ache que limpou tudo, a vaselina continua migrando pela tinta/verniz fosco por meses...

Vamos ao scribing... Aqui vão mais duas dicas que podem ser úteis. Todo mundo já teve problemas com scribing em superfícies não-planas, ainda mais em 1/72. Aqui o problema se repetiu - como a fuselagem traseira é cônica, não teve reguinha que ficasse no lugar. Acabei usando tiras de rotulador, mas como elas não se ajustavam direito, o jeito foi ancorá-las com Mr.Masking-sol, da Gunze. O Mr.Masking-sol é bem mais duro que o Maskol, da Humbrol, e suporta bastante abuso. É horrível para carlingas, mas funciona muito bem neste caso:



A outra dica é a seguinte. Sabem aquelas linhas de panel curvas, que acompanham o contorno de uma peça? Nunca tem uma curva francesa que se adapte a elas. E se tivesse, não seria possível prender a curva francesa... As asas e todos os estabilizadores do He-70/170 eram chapeados ao longo de todo o bordo de ataque, deixando uma linha de painel desse tipo. A dica é usar um compasso transferidor. Apenas substitua uma das pontas por outra mais longa ou um pino:



O princípio é simples: a ponta longa deve seguir o contorno do bordo de ataque, enquanto a ponta que risca faz a linha de painel. Aqui está a técnica em ação:



E este é o resultado:



Neste ponto eu não aguentava mais scribing, lixa, lava, primer, verifica, corrige, lixa, lava, primer... Acho que dei uns seis passes. Detesto esse modelo, e por duas vezes ele quase foi pra parede. Nei e Victor, se vocês estão na escuta, esqueçam este kit. Ele é uma bosta! E com a minha sorte, a Tamiya deve lançar um em alguns meses, mais ou menos quando eu estiver colocando os decais. Que merda!

Passado algum tempo retomei o kit, embora manco, (mais) broxa e (mais) careca. Eu já mencionei que este kit é uma bosta? Senão, saibam que ele é uma bosta. Dei uma parada nele e adiantei os trabalhos em um Polikarpov I-16 da Hasegawa (1/72). Como eu não aguentava mais lixar, resolvi tirar a ferrugem do aerógrafo e dei uma pintada na hélice e no motor. Nada de especial:



As carlingas seriam um problema... eu já antecipava isso. Mas como não dava pra fugir, adicionei os berços onde elas vão se encaixar depois.





Aproveitei e adicionei os esquadros das janelas, feitos com tiras plásticas e lixadas para reduzir o possível na sua espessura (e cuidando para não arranhar a área transparente - adivinhem como eu sei disso...):




O próximo passo foi colar as asas. O problema é que para manter o diedro correto, apareceu um gap de +/-1mm na junção da parte de baixo da asa. Para resolver o problema, resolvi tentar algo diferente de gastar meio tubo de massa: colei tiras de plástico para extender o skin da raiz das asas, tanto em cima quanto em baixo. Em cima essas tiras se sobrepõem com a emenda, desaparecendo com o gap. Mas em baixo não tinha como, e então a idéia era lixar até a transição ser suave:





E então lixei, lixei e lixei. Na parte superior da raiz da asa não houve problemas maiores. Já na parte da barriga - a do avião... eu não tenho barriga, é que a minha coluna tem uma mistura de lordose com escoliose e fimose, e então... Tudo bem esqueçam! - eu me limitei a lixar mais, lixar mais, e lixar mais. As curvas ali são bem complicadas, então fiz o possível para não "achatar" a área:

 

Até aqui estava ótimo, mas o avião tava parecendo a Hebe Camargo de liso. Olhando as fotos fica claro que os fairings na raiz das asas são bem visíveis, como na maioria dos aviões. Na verdade são painéis sobrepostos, e eu tentei reproduzir o efeito da seguinte maneira: primeiro, rescribing (de novo) das linhas faltantes na barriga do avião. Depois eu mascarei o perímetro que definirá depois as bordas dos painéis que se sobrepõem à fuselagem. É melhor mostrar:





Então eu mascarei o restante da fuselagem e asas e apliquei uma camada grossa de primer automotivo nas áreas destacadas com as setas. Três ou quatro demãos pesadas intercaladas por 15 minutos. Então deixei secar dois dias (na verdade deixei secando uma semana... é só pra vocês não desanimarem). E adivinhem o que eu fiz a seguir: lixei, lixei e lixei. Aqui a história é diferente. A idéia é lixar com muito cuidado até as fitas usadas no mascaramento aparecerem. Então é hora de removê-las. Se tudo der certo (vejam bem, se...), a fita deve deixar um degrau que simula os painéis sobrepostos. Dêm só uma olhada:



No fairing superior não foi preciso tanto cuidado porque a extensão de plástico adicionada à raiz da asa já representa o degrau. Mas pelo menos ajudou a definir melhor aquela curva característica no bordo de ataque da raiz da asa:



Depois disso, toda vez que eu encontro um pedaço de lixa sobre a mesa começo a tremer descontroladamente. Mas talvez a etapa mais difícil já tenha passado. Mais uma camada de primer automotivo para conferir tudo, e mais uma lixada:



Um trabalhindo adicional que eu não tinha previsto foi ajustar o suporte do gerador embaixo da fuselagem. Era um gerador movido à vento, mas as hélices serão adicionadas só no final:



Então voltei a trabalhar no capô do motor. Os flaps foram cortados de um cowling de reserva que eu tinha conformado antes. Usei tiras de fita de rotulador como espaçador para mantê-los ligeiramente abertos:



O He-70K tinha uma luva se sobrepondo a cada par de flaps do cowling. Reproduzi isso com pedaços de plástico bem finos cortados em forma triangular. Depois de colados, foi dada uma lixada leve para eliminar as arestas mais proeminentes:



E como não tem jeito, vamos à carlinga. Elas foram conformadas a váculo a partir de frascos de sabonete líquido. O importante nestes casos é um molde bem liso. Usualmente faço isso em etapas. Primeiro é feito um molde em madeira ou gesso (A, na figura abaixo). Sobre este é conformado um contramolde provisório (B). O contramolde é então preenchido com resina para gerar o molde definitivo (C) sobre o qual são conformadas as transparências (D). A vantagem desta técnica é que o contramolde (B) elimina a maioria dos pequenos defeitos do molde inicial (A). Assim o molde definitivo fica bem melhor acabado. Aqui vemos o material usado na carlinga traseira, que tinha uma parte deslizante e uma fixa:



E na foto a seguir, vemos a carlinga do piloto: (A) molde original, feito a partir da transparência do kit; (B) molde definitivo; (C) moldagem; (D) nova carlinga.



Neste ponto ainda não tinha idéia de como mascarar a carlinga dianteira. Mas as traseiras já estavam prontas. Foi necessário pintar a parte deslizante antes porque ela será montada sob a parte fixa (recolhida), para o metralhador ter acesso à MG-15:



Depois de uma longa parada (o ano foi duro pô, vocês estão pensando o quê?) e de terminar o Polikarpov I-16, retomei o trabalho no vovô Heinkel. Nesse meio tempo, foram adicionados vários dos detalhes faltantes. As pernas do trem de pouso foram pintadas e seladas com Future, aguardando o wash. Colei as transparências (ainda falta a parte deslizante do piloto) e as mascarei. Essa foi a pior parte, e pode piorar ainda mais quando eu remover as máscaras... só vou saber daqui algumas semanas.

Então começou a briga para descobrir quais eram as cores empregadas pela RHAF. As cores típicas eram verde/marrom/cinza em cima com azul embaixo. Nos anos 1942-43, as camuflagens splinter da RHAF mudaram do estilo 'à mão livre' para um padrão splinter de linhas retas, semelhante ao adotado pela Luftwaffe no início da guerra. Mas de padrão não tinha nada, pois não existiam duas aeronaves sequer parecidas. O esquema a ser usado é o ilustrado abaixo, que eu escolhi porque corresponde aos decais do kit (ah, quem dera a Hasegawa e a Tamiya fizessem decais como os da Revell...):




Voltando ao esquema da camuflagem, existe uma grande discussão a respeito de quais eram exatamente as cores usadas pela RHAF para pintar suas aeronaves (a partir da mudança de insígnia para a cruz branca). Ocorre que os 18 He-70K da Hungria (a denominação He-170A só foi empregada pelo fabricante) foram entregues entre setembro/1937 e fevereiro/1938 em cor cinza claro, possivelmente RLM02 ou LH40/52. Isto é comprovado por pesquisa, e elimina a alternativa de serem camuflados na fábrica. Agora, seria perfeitamente possível que o pessoal da RHAF empregasse cores da Luftwaffe para pintar seus Heinkels, a exemplo do que faziam com outras aeronaves. Por mais que eu tenha procurado, desconheço qualquer documentação comprobatória definitiva sobre esse assunto (e pelo que vi na internet, não sou apenas eu), mas a indicação mais unânime aponta para o uso de RLM 61/62/63 com as superfícies inferiores em RLM65. Eu disse 'seria' porque o acesso à tintas alemãs era abundante até meados de 1942. A partir de então, é sabido que a RHAF passou a usar material da Reggia Aeronautica, e portanto as cores deveriam ser algo como Giallo mimetico/Verde mimetico/Marrone mimetico/Grigio mimetico. E, é claro, uma mistura de material alemão e italiano também deve ser considerada. Enfim, como sempre ocorre nesses casos, ninguém tem certeza de nada. Citando nosso amigo Amaral: "o importante  é não pintar de azul o que é vermelho". Resolvi fazer uns testes, só para o caso de eu ter algum azul parecido com vermelho (eh, eh...). Aqui estão minhas conclusões:
  • Esquema RLM 61/62/63/65: Testei esta combinação usando os esmaltes da Testors, e as lacas e acrílicos da Gunze. O RLM61 não é marrom porra nenhuma, e é muito escuro. Então ou esta cor era Marrone mimético ou outro RLM (talvez o RLM79). O RLM63 é muito claro, e embora possa estar correto, as fotos da época mostram que ele quase se confundia com o RLM65 do dorso das aeronaves. O RLM62 parece estar certo, assim como o RLM65.
  • Esquema Giallo/Verde/Marrone/Grigio mimetico: Não tenho uma única cor italiana. Mas julgando pelas fotos dos Fiats CR.42, deve ser algo muito parecido com RLM 79/62/63/65. Alguém aí se habilita?...
E ainda vale a pena citar o que o modelista John Valo (muito prolífico em aeronaves húngaras da II Guerra) usa nos seus modelos 1/48: RLM62, RLM79, RAF Ocean Grey e RLM65. Pessoalmente, acho o Ocean Grey muito escuro, ainda mais em 1/72. Mas parece haver consenso quanto ao RLM62 e RLM65. O cinza tem que ser mais claro que o Neutral Gray, mas sem o tom caramelo do Light Gray. Para o marrom, cheguei à conclusão que qualquer cor 'cocô de nenêm' serve (quem não tem filhos aí que ser vire).

Feitos os testes, eis as minhas escolhas:
  • Azul: qualquer RLM65 decente serve. Escolhi a laca da Gunze (Mr.Color 117). A tinta Duco da Aerotech também é uma ótima pedida para quem não quer esperar mais que 15 minutos para secar.
  • Verde: gostei do RLM62 esmalte da Testors (Model Master #2076). Vou ficar com ele, mas o RLM62 não é uma cor polêmica.
  • Cinza: adotei a mistura RLM63 e RLM61 na proporção 7:3, respectivamente, com os esmaltes Model Master (#2075 e #2077).
  • Marrom: escolhi o acrílico Gunze FS30219 (Mr. Hobby Color H310), mas o esmalte Humbrol Natural Wood (#110) também é uma opção, embora um pouco escuro para a escala.
E assim começou a pintura. Iniciei pelo RLM65 na parte de baixo. As pontas das asas foram pintadas com laca nitrocelulose amarelo:



A seguir, pintei as faixas vermelho/branco/verde na deriva. Usei os esmaltes Insignia Red (#1705) e Beret Green (#1171), ambos da Model Master, e um branco qualquer. A maior parte dos aviões da RHAF usava as faixas nos estabilizadores horizontais também, mas como eu não encontrei nenhuma evidência disso nos He-170, deixei sem.



Na parte de cima, usei a velha regra das cores claras primeiro. Usei a mistura RLM61/63 como um primer fraco, carregando mais nas áreas onde esta é a cor final. É claro que achei um monte de defeitos, mas como eu já disse antes, estou me curando da AMS. O motor foi então instalado. Depois vi que me esqueci do coletor dos escapamentos. Por sorte não dá pra ver muita coisa pelos flaps de resfriamento.







E enquanto a tinta secava, adicionei os detalhes faltantes nas rodas. Foi feita uma abertura para dar acesso à válvula do pneu e parafusos da calota foram imitados com uma ferramenta de peloar.



The wheel hubs were painted gloss black using nitrocellulose lacquer (automotive). The advantage of these paints, besides the extremely fast drying, is their ability to support mineral spirits washes without the need of an acrylic protective coat. In other words, you wash
right after painting the base color, saving a lot of time.

Focusing again on the main camouflage colors, I decided to use a fairly soft demarcation lines between colors. I'm assuming these birds were painted in the field, and although most profiles I've seen show sharp lines, I don't think these particular aircrafts were painted with any kind of mask. So I decided to use a lifted paper mask. The first thing was to scale the kit's painting instructions to the correct size. Using a CAD software, the color demarcation lines were thickened and I then printed the drawing. Then those markings in true dimensions were cut off the paper.



In order to provide some lift of the masks from the model's surface, I used a sandwich of masking tapes cut in thin strips and fixed to the back side of the masks. A double side masking tape was used for the first layer of the sandwich, with a couple of hardware tape layers in the middle and Tamiya tape as the last layer. I protected the sticky sides with non-sticking paper while the stripes were cut. The strips were then fixed to the backside of the masks allowing a small gap:





The backing paper was removed as the masks were applied to their positions. The missing masks were made using Mk.I eyeball. After studying the instructions, I decided that it would be easier to mask the gray and airbrush the green, leaving the brown as the last color. And so I did:



And after numerous sections of airbrushing and touching up, here's the result:



Unfortunately, a digital image doesn't caputure the subtle effect of lifted masks, but it is definitely a different result than what would be obtained by simply laying a masking tape, as far as you ty to keep your aibrush as perpendicular to the surface as possible. After retouching a few oversprayed spots, I mixed the cammo colors with withe in a 1:1 ratio and produced some fading to the camouflage by post-shading the central area of the larger panels. This task is much easier in 1/48 or 1/32 scale, as the masks are all removed now, and I think it must not be overdone in smaller ones. I tried to appy the effect more heavily on the control surfaces, but to my eye I don't think they stand more than the rest of the model.



I was a bit afraid about the removal of the masks protecting the tail stripes, since these masks were there for quite a while, but in the end everything turned out ok:



Next, I retouched the fuselage/undersurfaces demarcation line using lifted masks, but this time I made use of a larger gap between the mask and the model surface. I also post-shaded the RLM65 with a lighter hue of it:



And that finishes off the camo painting. Time to prepare this beast for the decals:



After a couple of weeks halt, the nose was glued in place, and I applied a coat of Future in preparation for the decals. I was going to use the kit decals which, by the way, are excellent like any Revell-Germany decals:



I'll spare you from the boring decal application step (I forgot to take the photos, doh!). It suffices to mention that the Revell decals went on very nicely, and responded well to setting solutions. My only complain is the relatively low working time before they stuck to the surface (would be easier for me if I stopped shaking my hands...). I was afraid of regretting for not painting the yellow stripe on the fuselage. The kit's decal wrinkled heavily, but four or five applications of Micro-Sol and the magic is done.

Another coat of Future sealed the decals. I then started the weathering phase. Firstly, I applied a selective oil wash - heavier on engine/maintenance areas and lighter on the remaining areas.
Most of my trench-like panel lines dismiss any wash! Burnt umber, burnt sienna and natural shadow were the colors used. The darker tones were concentrated on the control surfaces, and the brownish ones around the engine area. I also used oils to replicate some oil/fuel stains. This effect was used on flaps and control surfaces hinges and on the lower side of the cowling. The method was also used on the lower surfaces, aft the wheel bays, suggesting some lubricant leaks from the landing gear, and around the fuel tanks caps as well. Once the oils were dry, I applied some oxidized paint chipping using a 4B pencil. Recent paint chipping will be applied later (after the flat varnish) with gray and silver Prismacolor pencils. Most of the paint shipping was applied on the belly due to dirt during take-offs and landings, but some chipping was done on the walkway area and the leading edges of the wings, too.

The next step is about something I'm still mastering: the famous overthinned red-brown+black post-shading, made popular by the australian modeler Chris Wauchop. For that, I dugged my best airbrush - a Tamiya HG-SF - which is reserved to paint Corsairs only. After realizing that I haven't finished any F4U in the last ten years, I decided to open an exception. I prepared a mix of Tamiya Hull Red (XF-9) and Black (XF-1) and thinned it with isopropyl alcohol in a 10:1 ratio, approximately. The important thing is to make it very thin, almost translucent. I applied the effect on the control surfaces (using hand held paper masks), and along prominent panel lines (wing spars, walkway areas). I abused of the method on the belly of the aircraft, aft the engine, to produce some false shadowing effect and the soot from engine exhausts. I love this technique. It results a very subtle effect, but you have to trust the airbrush is doing its job. If you can see the area darkening as you shoot, stop immediately. You overdid it, bud. Guess how I know...

And after numerous touch-ups (plus an almost catastrophic end when I incidentally laid the model over a foam soaked with lacquer thinner), I prepared a roughly 1:1 mix of Testors Dullcote and Metalizer Sealer to apply the final, semi-but-almost-dead-flat-gloss coat. I'll leave you with the pictures before I tackle the landing gear.















The picture below was heavily manipulated to highlight the effect of oils and post-shading.




At this point I had to turn my attention to those boring, but not less important details. In this case, I made a new antenae stretching a sprue with square cross section, painted the exhaust pipes in preparation for their weathering, finished the main wheels, and worked on the last piece of the airframe: the sliding canopy. It resulted a tad too thick, but by then I have run out of patience. The missing frames of the canopy were added using thin strips of clear decal, painted in RLM02 and overpainted with RLM62.



The undercarriage legs were cemented in place, paying attention to proper alignment. Sit the model on a glass plaque and measure the height of the wing tips to the ground: they must match. This method always work, provided the wing dihedral is correct. I added he brake lines from stretched black sprue.



The main wheels received a coat of gloss black, and then washed with grey oil paint to accent the bolts embossed on the hub. Once dry, I masked the hubs and airbrushed Aeromaster Tire Rubber lacquer. The tires were dusted with Tamiya Buff (XF-57) while the masks were still on, and later I treated the whole wheel with Tamiya weathering pastes. The propeller spinner received a back plate, while the blades were treated with grey and silver paint to simulate the characteristic chipping.



Once I was satisfied with the oily aspect of the exhaust, I installed them and retouched the belly of the fuselage with pastel chalk to make the exhaust stains more convincing (note that the ends of the exhaust pipes protudes very low in the aircraft profile, so I guessed the stains shouldn't be too heavy). The wheels and main landing gear doors were added next. I also installed a new pilot's headrest (something I made very early during this project, and I almost forgot...).



The careful planning with the landing gear struts and wheels has payed off when I put the ugly Heinkel on its wheels for the first time:



The wind-driven generator properler was made from plastic bits and installed. The landing gear retracting cables were made from stretched vinyl sprue, connecting the wheel hubs to the pulley inside the wheel well.





The next step was to install the antenae, and its aerial made of stretched vinyl sprue. The insulators were made by mixing acrylic gray paint with carpenters glue, applied with a toothpick. The MG-15 was detailed with the addition of the ammo drums and gunsight. After painting it with semi-gloss black, I drybrused it with Humbrol Metal Cote Polished Steel and buffed with a cotton swab. Some details were picked with artists grey pencil.





The final touch was to apply recent paint chipping with a Prismacolor Silver and Grey pencils on selected panel lines and fasteners. I was planning to apply more chipping, but I refrained my thoughts after recalling that these are recently painted birds. I guess I'm done with this crappy kit. Here's it finally finished:











And my Royal Eagle (this will be the name on he plaque) has finally landed to its base (see how I did it here).













This model was awarded a Gold medal in "Single Engine Propeler Axis Aircraft - 1/72 scale" category, plus a special IPMS Rio de Janeiro award, during the Brazilian IPMS National Convention in 2008:



Ficha técnica
Kit: 
- Revell #04229
Additions: 
- Seat belts: Fine Molds AA-4 - German Aircraft Seatbelt Set #2
- Bezels for the navigator/radio-operator instruments: Reheat Models RH021 - Instrument Bezels / Vintage 1/72
- Dials for the navigator/radio-operator instruments: Reheat Models RH08 - Instrument Dials / Modern & Vintage 1/72 decals
Stolen parts: 
- Tailwheel: stolen from a 1/72 Revell Ju-87B
- MG-15 muzzle: from Tamiya 1/72 Aichi M6A Nanzan
rear gun
- Engine: from 1/72 Revell Ki-43 Oscar
Basic colors: 
- Primers: automotive primer and Gunze Mr. Resin primer
- RLM 02: Model Master Acryl #4770 acrylic
- Blue: Gunze Mr.Color RLM 65 (#117) lacquer
- Green: Model Master RLM 62 (#2076) enamel
- Grey: Model Master RLM 63 (#2075) and RLM 61 (#2077) enamels mixed in a 7:3 ratio
- Brown: Gunze Mr.Hobby Color FS30219 (#H310) acrylics
- Flat coat: Testors Model Master Dullcote and Metalizer sealer lacquers mixed in a 1:1 ratio
Notes: 
- This kit is a crap!

Rato Marczak © 2008